Foi um tempo sem escrever, mas também foi um tempo andando. Nesse balançar a gente lê e também escreve muita coisa. Só de estar já mostra pra gente o quão conectado nos encontramos com aquilo que escolhemos para termos como ambiente ao redor, seja ele onde for.
A arte é essa água que dá liga em tudo. E como foi bom sair pra beber por aí.
Para estar em Belém do Pará tive que parar tudo. Dez dias em meio o que há de mais efervescente em relação a música do Brasil. Longe de discurso ufanista ou coisa que o valha, a música feita por lá é nítido retrato sonoro do nosso país. Longe do regionalismo, é mistura. É discurso do “sustentar-se” sem ser nada piegas. Tem pegada, sentimento, desaforo, cadência de povo da aqui. É o concreto com a floresta. E tudo isso molhado, com aquela água que falamos aí em cima. É gente que sua e soa arte. Simples assim.
E é gente. Os dias no Casarão Cultural me proporcionaram experiências e encontros e me fizeram perceber o quanto passamos realmente pelo momento do acontecer, gravar, registrar, escrever, contar, cantar, produzir, escoar. Deixar escorrer.
Música escorre por lá. Metaleiras da Amazônia , Jungle Band , Juca Culatra , Floresta Sonora foram as bandas que acompanhei durante esses dias. Todos na preparação e pegando estrada. Circuito Floresta pra mostrar o que o Pará tem através do projeto do Conexão VIVO, Música na Estrada. Mais do que o Pará ter, nós temos. Esse combo fodasso, demonstra o que tem sido produzido por lá e ao mesmo tempo descentraliza totalmente nossa idéia de arte e poros. Mestres: Pipira, Manézinho e Pantoja. Tanta gente que não cabe nem falar. O que vale é captar e espalhar no nosso solo toda essa impressão. A gente corre por isso. Até onde for pra ver e gritar. Os ouvidos, sim, eles escutam. Com o tempo, vamos entendendo.
"Mais do que perceber que estava em um lugar onde a arte acontece pelo seu próprio prazer e ponto, afasta-se dessa perspectiva o que o mercado impõe" - Lembranças colhidas em depoimentos de Juca Culatra e de tantos outros culatras por lá.
O que se coloca aqui é legítimo. Fruto de real inspiração que nunca deveria ser colocada de lado. Salve igualmente para as manifestações que se atentam para isso e que a isso dão concretude.
O andar dos olhos nos mostra a dialética do mundo. As imagens podem subir, os valores descerem. Mas isso é jogo de vice-versa.
Pra qual caminho irmos não importa. O importante é que haja cada vez mais caminhos, cada vez mais perna sadias.
(...)
A música é o mecanismo mais fácil e usado para se garantir aproximação, a primeira mudança de uma consciência, ou até mesmo, a primeira consciência. Seja de onde vier.
Abram os ouvidos e para (des)centralizar: Circuito Floresta Sonora.
Em breve, 30/04 no GOMA: Juca Culatra e Power Trio aqui em Uberlândia!
Contaremos mais, em imagens, logo.
Breilla Zanon
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