sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Como a gente trabalha assim???


Ontem, as 17h e uns quebrados, aconteceu uma Assembléia, organizada pelo DCE da UFU, na qual a pauta seria a proibição da venda da cerveja durante as nossas já conhecidas festinhas universitárias. Como resultado, observamos que tal medida acarreta efeitos muito mais arraigados, afetando tanto o público quanto o agente cultural.


Dessa maneira, não poderíamos deixar de nos manifestar em palavras e em atos.


Hoje, portanto, aliado as demais entidades que não concordam com tal sanção, o Tamboril participará da manifestação contra tal proibição e quanto mais pessoas preocupadas com os rumos que essas restrições acarretarão estiverem presentes, mais corpo representativo daremos a nossa indignação.



Compareçam... hoje a partir das 12h30... aonde?


ah, vcs vão saber...




.:MANIFESTO CONTRA A PROIBIÇÃO DO COMÉRCIO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NO CAMPI DA UFU:.


A proibição do comércio de bebida alcoólicas no campi da UFU já é algo sabido por todos nós estudantes que consideramos os eventos e confraternizações como uma extensão da experiência acadêmica não só em questão de entretenimento, mas principalmente no sentido da sociabilização e da vivência em grupo, tão prezada nos dias de hoje. É também algo sentido por aqueles que têm a comercialização de bebidas nesses espaços como principal fonte para reprodução de suas atividades.

DA´s, CA´s, DCE e agentes culturais de maneira geral se veem impossibilitados de realizar esse comércio durante seus eventos. Mais do que se vender cerveja, essa é a principal alternativa que serve de base para que várias dimensões de seus planejamentos enquanto entidade representativa, sejam configuradas. O que temos aqui é portanto um estrangulamento da nossa capacidade de poder dar base a essas representações.


A cerveja é tida como o principal combustível de atos violentos, ilícitos, que sejam até vexaminosos. No entanto, tal argumento pode ser contraposto se seu viés estiver orientado por uma mera especulação generalizante. Portanto, tal perspectiva barra a possibilidade tanto do entretenimento, informação e formação cultural de uma parcela da população universitária que não se encaixa dentro desse breve diagnóstico. Soma-se a isso, a abertura para indagarmos sobre a segurança dentro do campi. Será o consumo de álcool elevado demais a ponto de transgredir extensivamente a personalidade dos alunos participantes dos eventos, ou seria de menos a segurança, prevenção e conscientização voltada nesse âmbito? Devemos levar em consideração que a população que nada tem em relação a esses resultados (e que buscam no ambiente universitário um local que transcenda a já institucionalizada aprendizagem para o trabalho) não quer e não deve ser prejudicada em tais circunstâncias. Cabe aqui citarmos o fato de que para a grande maioria das pessoas, os anos dentro de uma Universidade são os principais para a formação de suas experiências ao longo da vida. O que seriam dessas experiências se não fosse a possibilidade de integração tanto com o espaço quanto com os indivíduos que dentro dele perpassam? Trataria-se portanto do esvaziamento da vida social e da transgressão do direito, que nós cidadão democráticos , temos de compartilhar e expressar nossas ideias.

Medida como esta, desconsidera também o choque desestimulante que tal proibição acarreta nessa sociabilização universitária, podendo até mesmo parecer a olhos conspiratórios, esse o seu próprio objetivo. A Universidade, pelo próprio termo que lhe é fundante, tem como prerrogativa essencial fomentar a integração e a interdisciplinaridade dentro da vivência acadêmica dos alunos. Além disso cabe a ela, como instituição de ensino superior, dar base para que os alunos vislumbrem os caminhos da vida profissional. Por isso, outro grupo igualmente atingido pela marginalização do ambiente de entretenimento são os artistas. Estes poderiam ter nesses espaços a abertura para a divulgação de seus trabalhos, e mais que isso, o estabelecimento de atividades que contribuiriam como laboratório de profissionalização do contingente artístico formado anualmente dentro da Universidade através dos Cursos de Artes Plásticas e Visuais, Música, Teatro além dos outros cursos que desenvolvem pesquisas relacionadas à cultura e comunicação social. Uma vez combatido o estímulo primeiro da participação do público nessas atividades, implicam-se efeitos também a toda atividade que tem como objetivo a fruição da cultura sustentável. Priva-se portanto os artistas e os grupos de ação cultural e social não só de receberem os olhares da comunidade (nem que sejam os de curiosidade), mas também contribui de maneira negativa, fazendo com que esse mesmo público fique descontextualizado em relação à produção artística de dentro da Universidade e da cidade. Tira-se o indivíduo do contexto do qual ele próprio faz parte. O artista é barrado ao produzir e ao querer se sustentar dentro de sua cadeia produtiva ao mesmo tempo em que o público é desestimulado a consumir cultura e simultaneamente acessibilidade à informação.


Com certeza tratamos nesse ponto de uma questão estruturante, relativa a conscientização das pessoas a respeito do que cada um entende por cultura. No entanto, não é tempo de se discutir tais questões, apenas de reconhecer que essa proibição brota de uma observação generalizante e afeta muito mais vertentes do que podemos em um primeiro momento constatar. Afeta primordialmente o nosso direito de sociabilização dentro de um espaço público. Por mais que o consumo/comércio de álcool seja considerado com catalisador de ações negativas por aqueles aqueles que o ingere, ainda assim não é considerado uma droga proibida ou restringida em outros espaços de sociabilização pública. Além do mais, até não que não se consiga transformar a consciência que atrela o álcool ao entretenimento , a autonomia de entidades e grupos é desintegrada uma vez que dependem de tais recursos para consolidarem seu sustento.
Entendemos que não é proibindo a comercialização e o consumo de bebidas alcoólicas que consecutivamente serão execrados as tragédias sociais que permeiam todas as dimensões de nossa vida moderna. A conscientização poucas vezes se estruturou a partir de medidas proibitivas, ainda mais quando estas são formuladas de maneira unilateral.


Seja qual for o sentido que daremos a esse fato, devemos como essência ter em mente que a deterioração desses espaços prejudica primeiramente a possibilidade que nós, estudantes universitários, mas acima de tudo cidadãos dentro de uma democracia (seja ela para o bem ou para o mal) temos de expandir nosso grau de sociabilidade, integração e identidade.
Fica manifestada aqui, portanto, nossa incompreensão, pois até que seja provado o contrário, entendemos que a Universidade, como instituição pautada dentro de um sistema democrático, deve atender as demandas daqueles que ela tem como obrigação representar, não só pelo fato de manter em dia os direitos e a satisfação do público a qual se dirige, mas principalmente porque essa é a principal função que lhe dá legitimidade institucional dentro dos parâmetros Constitucionais. Estamos cientes e sedentos por uma solução que não seja excludente, nem desagregadora e que muito menos, lance à Cultura seus resultados negativos.




Dessa forma, limitamo-nos ao exposto.
Uberlândia-MG, 03 de dezembro de 2009

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