quarta-feira, 10 de março de 2010

A Arte... aquela uma, lembra?


Insisto em nos inspirar nas artes para criar a nossa metodologia de luta. A respiração é uma das Mestras, a cada inalação segue uma exalação, da mesma forma a cada reivindicação deve seguir uma proposição, a cada cobrança uma auto crítica, a cada encruzilhada uma alternativa.

Somos artistas, não somos meros prestadores de serviço, somos criadores de universos, demiurgos. As vezes quando falamos de gestão administrativa, de fontes de recursos, de incentivos fiscais, de geração de empregos deixamos de lado a criatividade e achamos que a filosofia é falação, e a arte uma mera ferramenta. Nossa forma de ver o mundo e nossa vocação não tem lugar quando discutimos assuntos de produção, assessoria, marketing, quando fazemos clipping ou enviamos mailings, quando utilizamos essa terminologia imprópria tentando maquiar nosso desespero metafísico, nosso todo o nada com a sorte. Devemos negar nosso motor principal, nosso totem-poder, a única coisa que realmente nos pertence e que podemos possuir: nosso amor pelo que fazemos.

Isso é pessoal. Pronto acabou.

Herdamos uma doutrina baseada em resultados quantificáveis da gestão de algo imensurável como a Cultura, onde uma das principais premissas é que devemos separar o profissional do pessoal. Impessoalizar a profissão. Só isso. Assim de simples. Da até pena ver um conceito tão fraco, todo raquítico dominar o meio através de sua vigência. Um modelo em que temos um momento para sermos artistas e outro para sermos gestores, - porque uma coisa é uma coisa e outra ciosa é outra coisa, todo tem um limite!

Se algo pode nos salvar dessa burocratização afetiva é destruir criativamente esse modelo e colocar a arte na coordenação e a filosofia no planejamento. Não é uma questão meramente poética é uma questão estratégica, devemos elevar nosso discurso teórico a filosofia e nossa prática de gestão a arte. Fazemos arte porque é inevitável para nós.

Proposta: sair do conceito de "mercado cultural" e entrar num conceito mais amplo de "economia cultural" baseado na inserção aos médios de produção artístico-culturais. Economia é o nome dos emaranhados caminhos que o homem tece na procura de satisfazer suas necessidades essenciais. Economia é a procura do alimento. Segundo Adam Smith, é o gerenciamento da escassez. A Cultura é filha da economia, nasce na forma de ferramentas e celebrações para conseguir o alimento e perpetuar a espécie. Sem inserção econômica (isto não envolve só dinheiro) não será possível inserção cultural.


Texto extraído da rede de Teatro de Rua


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