quinta-feira, 4 de março de 2010

(Diz)Torcida


Despejando pensamentos a respeito das reformas que darão cara à Nova Lei Rouanet (título em palavras do Estado) e observando as críticas, os prós e contras propostos por diversas diversas vertentes dentro da cultura – produtores, gestores, artistas de cá e de lá, podemos notar o quanto essa questão da mudança afeta a fé dos cidadão diretamente relacionados aos seus benefícios ou males.


O projeto indo para o Congresso seria como se fossemos para o brejo?


A concentração de recursos para a cultura, na forma em que se encontra instituída a Lei nos dias de hoje, é clara, porém não é resultado ou consequencia da mesma. Isso devemos ter em mente antes de nos pendermos em lágrimas em consideração às regiões menos privilegiadas dentro dessa parcela orçamentária. Não que não devemos ter esse tipo de solidariedade, pelo contrário. A solidariedade deveria ser prévia ao campeonato cultural pelas verbas.


No entanto, colocar na mesa um prato de comida e um livro, pedindo em seguida para que seja feita uma escolha, não é a melhor opção para garantirmos uma compreensão sobre nossas verdadeiras necessidades como um país que vive essa abstração chamada democracia. Pensamentos de teóricos políticos nos mostram como essa ultima não passa de uma ilusão etérea na qual vivemos burocraticamente tentando concretizá-la.


Para os frutos, nada mais óbvio:

1º) Preparar a terra.

(...)

Sair distribuindo sementes pode ser um trabalho de honra - dada algumas situações; porém ineficiente se o solo ainda não tem como germinar. E isso não por causa de sua natureza, seu substrato, essência e nutriente. Mas sim pelo trato que lhe seria necessário. Os jardineiros podem ser o grande trunfo da questão. Os consumidores? Esses reverberizam.


A diferença geopolítica influencia em tudo, mas não deveria influenciar na distribuição de oportunidades para a concretização das ações. Pensar na capacitação dos agentes culturais ao invés da mera verba seria prioridade nesse caso?


Reformando a Lei ou não, passa diante de nós alguns questionamentos que creio eu, por hora não terão respostas. Em um deles cabe fazermos as devidas considerações a respeito da solidez das instituições de maneira geral em nosso país. Se formos medir a democracia na qual vivemos pela maior ou menor estabilidade do lençol institucional, sem dúvida observaríamos o quão frágil essas mudanças nos fazem sentir como sistema político. Com ou sem razão, o temor pelas alternâncias e desacordos já podem partir daí. O ponto é que mudanças dentro de uma instituição e de seus mecanismos tem sua eficiência concentrada dentro dos limites em que são operadas.


A Lei Rouanet é recente. O próprio MinC como conhecemos hoje, é recente. O medo do novo, esse é antigo: quase como uma máxima chula, que deve ser respeitada ou pelo menos levada em consideração quando nos deparamos sobre questões a respeito da conservação ou desenvolvimento. Tomemos nota também o fato de que o medo do novo é antigo porque o país nunca foi mestre em respeitar as heterogeneidades que desenrolariam confianças nas ações governamentais.


Agora, a última pergunta que fica aqui sem resposta por hora (ou vida):


Qual a hora certa de confiar?

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